Educação

BNCC: entenda os principais pontos da mudança na Educação

Você ainda não sabe as principais mudanças propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? Inclusive, a dúvida ainda é muito comum. Sabemos que os professores já estão sobrecarregados com a jornada de 40 horas semanais, preparação de aulas, correção de provas e com classes mais numerosas.

Porém, não se preocupe. Abordaremos neste artigo tudo sobre as competências e habilidades da base curricular nas duas etapas da Educação Básica: a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.

Entender essa mudança com a BNCC — que já começou a ser implementada no segundo semestre de 2018 — é importante para guiar o educador na sala de aula.

Vamos lá? Nos acompanhe ao longo deste post.

A base não é currículo

A BNCC representa um avanço na educação brasileira ao garantir a aprendizagem progressiva que os alunos devem desenvolver em todas as modalidades de ensino. Ela visa assegurar a igualdade, oportunidade e eliminação da defasagem de aprendizado.

Porém, o que deve ser lembrado por todos é que a base não é o currículo. Ela é o ponto de partida, o ponto de referência, e sua intenção é promover o alinhamento no sistema educacional.

A BNCC e os currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais do estudante. Ela considera a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e instituições escolares, como também o contexto e as características dos alunos.

Portanto, todas as escolas (públicas e privadas) deverão modificar suas propostas curriculares até 2020. Mas qual a estrutura da base curricular? Quais suas competências? Abaixo vamos descobrir ponto a ponto.

Entendendo as competências gerais da BNCC

Agora, pense: o que queremos que o aluno alcance ao final da Educação Básica com a implementação da BNCC? Que ele aprenda a decorar listas de fórmulas e regras para ele entrar no Ensino Superior? Ou que se torne um cidadão mais crítico e preparado para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo?

Acreditamos que você — e a maioria — espera que o estudante desenvolva conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para a vida, para o exercício da cidadania e do mundo do trabalho.

As dez competências da BNCC têm esse objetivo, o de auxiliar o desenvolvimento integral do estudante para cada etapa do ensino.

De forma geral, a escola já lida com essas competências. Porém, a base curricular define que elas sejam aplicadas em contextos e em situações-problema.

O educador precisa conhecer cada tópico e saber aproveitá-lo no seu processo de trabalho. Vale lembrar: não é preciso que o professor insira ela em uma disciplina específica no currículo.

A BNCC orienta as escolas sobre o que os alunos devem “saber” (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e o que devem “saber fazer” (mobilização desses conhecimentos e habilidades para resolver as demandas da vida cotidiana).

Agora vamos conhecer cada uma das dez competências da base:

Conhecimento

Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Pensamento científico, crítico e criativo

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

Repertório cultural

Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

Comunicação

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital. Como também conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos. Também produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Cultura digital

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

Trabalho e projeto de vida

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Argumentação

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar e defender ideias, pontos de vida e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

Autoconhecimento e autocuidado

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e a dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Empatia e cooperação

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

Responsabilidade e cidadania

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Descomplicando a estrutura da BNCC na Educação Infantil

Agora que você já conhece as dez competências gerais que devem ser inseridas ao longo da Educação Básica, vamos esclarecer a estrutura da base com as particularidades de cada etapa, a começar pelo ponto de partida: a Educação Infantil.

Em 2009, as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil (DCNEI) estabeleceram que os eixos estruturantes das práticas pedagógicas desta etapa são as interações e a brincadeira.

Interação com seus pares e adultos para possibilitar aprendizagens, desenvolvimento e socialização. E brincadeiras que envolvem todo o dia a dia da criança e sua forma de lidar com suas afeições, frustrações, conflitos e emoções.

E o que a BNCC trouxe de novidade para a Educação Infantil? Em suma, ela propõe seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento para que a criança se torne mais ativa e consiga aprender e se desenvolver. Confira abaixo:

  • Conviver

Garantir o convívio com outras crianças e adultos, a interação e o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.

  • Brincar

Assegurar o direito às brincadeiras, em diferentes espaços e tempos, para possibilitar a imaginação, conhecimentos, criatividade, experiências e autonomia.

  • Participar

Propor a participação ativa da criança em todas as etapas da realização de atividades no âmbito escolar e na vida cotidiana, como: dar a liberdade para escolher brincadeiras, materiais, ambientes.

  • Explorar

Novamente, deixar a criança ser o papel ativo da aprendizagem explorando movimentos, gestos, sons, formas, texturas, palavras.

  • Expressar

Garantir à criança o direito dela expressar suas necessidades, emoções, sentimentos, descobertas, opiniões, dúvidas, por meio de diferentes linguagens e situações.

  • Conhecer-se

Despertar na criança o conhecimento sobre sua identidade, suas particularidades, sua consciência e corpo. Isso possibilita o autocuidado, interações, brincadeiras e a criação da imagem positiva de si e de outros ao seu redor.

Os cinco campos de experiência

A BNCC ainda estabeleceu cinco campos de experiências que são:

  • O eu, o outro e o nós
  • Corpo, gestos e movimentos
  • Traços, sons, cores e formas
  • Escuta, fala, pensamento e imaginação
  • Espaços, tempos, quantidades relações e transformações

Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão organizados em três grupos por faixa etária. Essa divisão leva em conta as características do desenvolvimento de cada criança, como o ritmo na aprendizagem.

Na creche, a faixa etária envolve bebês (zero a 1 ano e 6 meses) e crianças bem pequenas(1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses). Na pré-escola, a faixa etária é de crianças de 4 anos a 5 anos e 11 meses.

A divisão da base curricular no Ensino Fundamental

Conhecida como a etapa mais longa da Educação Básica, com nove anos de duração, o Ensino Fundamental impõe uma série de desafios para os educadores.

Você sabe: é nessa etapa que crianças e adolescentes passam por mudanças físicas, afetivas, sociais, emocionais, cognitivas.

Logo, ao levar em conta esse aspecto, o texto da BNCC estabelece também cinco áreas de conhecimento. Elas consideram o percurso contínuo de aprendizagens do aluno nas duas fases do Ensino Fundamental — Anos Iniciais (1º ao 5º ano) e Anos Finais (6º ao 9º ano). As áreas de conhecimento são:

  1. Linguagens
  2. Matemática
  3. Ciências da Natureza
  4. Ciências Humanas
  5. Ensino Religioso

Cada área possui competências específicas e componentes curriculares que precisam ser trabalhados ao longo dos nove anos. Elas estão interligadas com as dez competências gerais que falamos no início do post. Entenda abaixo a organização:

Componentes curriculares

Os componentes curriculares são entendidos, agora, como disciplinas ou matérias. Aliás, as disciplinas continuam as mesmas, mas com a base, cada área de conhecimento terá um componente curricular importante para desenvolver integralmente o aluno na escola.

Linguagens

Anos Iniciais: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física.

Anos Finais: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa.

Matemática

Anos Iniciais e Anos Finais: Matemática.

Ciências da Natureza

Anos Iniciais e Anos Finais: Ciências.

Ciências Humanas

Anos Iniciais e Anos Finais: História e Geografia.

Ensino Religioso

Anos Iniciais e Anos Finais: Ensino Religioso.

Habilidades

O texto da BNCC ainda indica que cada componente curricular possui um conjunto de habilidades. O que isso significa? Acima de tudo, as habilidades devem garantir as aprendizagens essenciais dos alunos nos diferentes contextos escolares.

Importante reforçar: as habilidades não devem ser tomadas como modelo obrigatório no âmbito dos currículos, nem como conduta esperada do professor. Cada habilidade é identificada por um código alfanumérico e organizada em unidades temáticas. Preparamos esse quadro abaixo para você entender:

O que concluir com a BNCC

Você conferiu neste artigo os principais propostas da BNCC para a Educação Básica — Educação Infantil, Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Anos Iniciais).

Saiba que a BNCC veio para pensar no desenvolvimento global dos estudantes. E acima de tudo: endossar a liberdade da atuação do professor na sala de aula.

Falar em competências gerais e específicas, áreas de conhecimento, eixos estruturantes, campos de experiência, componentes curriculares, pode parecer complexo e cansativo. Por este motivo que nós queremos esmiuçar cada ponto e facilitar o trabalho dos educadores.

É claro que existe muitos desafios para implementá-lo por completo na Educação Básica. Por isso, é importante a participação de todos nesse processo.

Queremos saber a sua opinião e tirar suas dúvidas. Deixe nos comentários o que achou do post sobre os pontos principais da BNCC.

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